sexta-feira, 14 de março de 2008

Todo dia é dia de poeta, e hoje da poesia.


Ja não se fazem manhãs
como antigamente
as manhãs precediam os dias
durante dias
e assim permaneciam
por todas as manhãs

as manhãs não tinham manias
alvoreciam sem artimanhas
amanhecer
único dever das manhãs


hoje as manhãs

são simples manhãzinhas
comedidas, simplezinhas
as manhãs de hoje em dia
deixam sempre pra amanhã
o amanhecer que era pra hoje
logo de manhãzinha


solda


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Nada com uma boa poesia, assim, de manhãzinha!

Cachorro Louco - Poleminski!

"Ai do acaso se não ficar do meu lado!" (P.leminski)

Hoje é dia da poesia. Pelo menos é o que diz o calendário, e o que comemoram algumas professoras de ensino fundamental...
Escolhi para comentar alguma coisa de Paulo Leminski, aquele que eu leio e digo 'putaquepariu!', vai ser o primeiro da série 'putaquepairu!', os artistas-brincantes-mestres da expressão que me afagam, intrigam, me enraivecem por terem traduzido meu inconsciente e o de mais uma ruma de gente!
Olha, o cachorro doido foi poeta, tradutor, professor e faixa preta de judô. Era todo poesia. Tem uma vasta obra que inclui a genialidade do hai-kai (comprimidos de expressão, verdadeiras fotos!), parcerias musicais, tudo numa forma de se expressar que é absurdamente única.
É melhor deixar ele mesmo falar:

O Paulo Leminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique

(Paulo Leminski)

Não deixando ninguém na mão, tem um site que o design é bacana e tem alguns trechos de livros e traduções que ficaram interessantes. Olha só: Kamiquase

e pronto! Erra uma vez.
Falei dele um pouco, não o suficiente para expressar, mas acho que instigante para fazer alguns lerem. Vale a pena.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Silêncio

Imagem: Usbekistyle.de

Tempo vento, só se transmuta em silêncio. Pode ser um silêncio ambiente, ou apenas mental... mas as permutas se prontificam no silenciar da alma.
Estive lendo e relendo alguns sítios da internet que costumava ler, descobrindo outros e me deparando com situações inusitadas... humor, ou mau humor, e um bocado de dor de cotovelo!
Estou numa fase estranha e parada em relação aos escritos, elas sempre ocorrem após um período de criação intensa. Gostaria de estar como um amigo que ainda ontem me disse que estava apenas contando as contrações e respirando fundo! Um trabalho de parto e tanto... a cria há de ser esfuziante!
Mas... não estou. Estou me perguntando, me indagando da minha capacidade... me indagando da minha vontade, do meu parlar, transformar o subjetivo...
Me observando, me lendo, me abstraíndo e, por vezes, me lendo com simplicidade.
Sempre precisando.
Ansiando.
Dia desses vi umas figuras fazendo piada com Fernando Pessoa, lendo Poema em linha recta
e imaginei o que diria Álvaro de Campos... Talvez até gostasse...
e eu mergulhada em seriedade, não sei de onde que surgiram essas rugas na cara! Sol?
A vida me bate e eu nem revido... parece que vou perecendo sem notar, incrível como as coisas se acontecem nas nossas mãos, nos nossos olhos, na nossa vida.
As coisas, temíveis coisas, se acontecem.

segunda-feira, 10 de março de 2008

!!!

O importante, pois, é poder conhecer e traduzir para o consciente a linguagem do inconsciente. Como fazem os poetas e os amantes. Porque eles sabem, de um certo modo, que estaremos todos, sempre, em cada um.

(Roberto Freire, In: Sem tesão não há solução.)

sábado, 8 de março de 2008

é isso bem daí...

http://www.youtube.com/watch?v=uOyTt4LGiWI

Boa noite e boa sorte

Não que eu queira negar, mas...

olha, não precisa teatralizar tudo! Não dá...
Me pessoalizo: 'Eu, tantas vezes vil!'... 'Nunca conheci quem tivesse levado porrada'...
Belíssimo parlar de novos hipócritas! Belíssimo parlar de pequenos versadores da nova moral da vida.
Despejar algumas subjetividades sobre minha cabeça não adianta: desfaça o falatório e não disfarce nada em historinhas do século passado.
Acordei hoje me pesando, do outro lado algumas palavras jogadas, alguns textos embromados, uma estrovenga só: e adivinha?! A vida ainda vence.
A vida não é doce, a vida nunca vai ser um algo com cheiro leve, a vida é dolorida, deliciosamente dolorida e deve ser rasgada, atrevida e com possibilidades incontáveis...sem verdades absolutas, nem mesmo as verdades que proclamo dizer abertas... a vida é. It.
Apaixão. A apatia do lado de lá não me agrada e não vou me esforçar tentando entender o motivo de não haver par para mim nisso tudo...Não há par para mim na vida vil, nas horas erradas, não há par na vida que me acompanhe nestas errantes horas de doença vital humana. Amigos amigos, perfeição não há.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Reflexos: amplexos exagerados de uma cubista nervosa

"And sometimes is seen a strange spot in the sky
a human being that was given to fly"

(Pearl Jam- Given to fly)


Duplamente humana, dupla mente humana.
Uma auto definição que serviria para muitos nas mesmas agonias que eu, nas mesmas luas e fases... me orgulho da contradição, me desfaço em 3 segundos, me embaraço por muito pouco e cresço com a cara arrebentada...
A vida é muito bonita, e a carne é triste: não se salva, só se humilha, se maltrata, se faz sentir.
Faz sentido? Faz sentir...
Não me dói nenhum mergulho que dei, não me destrói nenhuma pétala desfalecida, não sou criança, nem sou menina: mulher.
Força, com todos os embaraços, com todas as horas mal calculadas, as noites acordadas, os nós por desatar, mais e mais viver, parir a experiânsia de infinito que me acompanha nas horas extremas: nos apaixonemos a cada instante, todo dia mês ano milênio segundo milésimo centésimo milésimo de centésimo de segundo...
A destruição é maravilhante a cada momento que você se dispõe a voar!
Fechei os olhos e não medi os passos...
Talvez que não seja bem o certo, talvez não seja bem o errado, mas me pergunto o que é viver, me pergunto: as pitadas de temperos a quantas andam nas mãos da lógica do mundo, a quantas andam as pitadas que eu mesma escolho no contexto?
Olha é uma coisa sem rumo, dois degraus sem rumo, sem início, sem fim...nascer e morrer.
Este breve instante entre os dois degraus é precioso.

E é nesta hora que proclamo: derrame-se! Vai passar pela vida sem respingar em ninguém???

segunda-feira, 3 de março de 2008

Dia ávido.

Diário:
Resolvendo-me! Ainda sem rumo para certas aparições poéticas... andando perdida é o que estou.
Fico revolta, fico vazia... fico ansiosa pelas horas de dificulto parto literário...
Acordei assim esses dias: com a pele oleosa, a cara amassada de travesseiro, um breve mal humor de quem não dormiu, umas horas me esperando e a pressão diária segurando minhas mãos.
Preciso de mim.
Preciso descartar hipóteses, abrir umas janelas, tomar um chá e dormir bem.
Ou não...
preciso apenas experiansiar algumas vidas diferentes, dar passos incertos, talvez nem dormir...


preciso precisar!