tag:blogger.com,1999:blog-28583514451359182292023-11-16T08:34:58.393-08:00Alecrim e o sufoco atmosférico...Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.comBlogger250125tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-48875118257656650962017-03-15T11:04:00.002-07:002017-03-15T11:04:43.857-07:00Fragmentada<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
Em cada caderno um rabisco<br />
levante perigoso<br />
falta de abrigo<br />
intensa observação<br />
<br />
Um dedo em cada cômodo<br />
a boca arreganhada<br />
os dentes em todos os continentes<br />
<br />
e o mesmo sangue perene<br />
na fotografia vermelha<br />
mulheres de família</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-84662339583038218222015-07-09T07:21:00.000-07:002015-07-09T07:21:00.995-07:00Do silêncio<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há muito não visito este espaço. Sei que ficou um ar de abandono e desistência, mas é exatamente o oposto! Estou trabalhando em publicações físicas, meus livros para ser mais precisa. Espero que meus leitores entendam e aguardem com carinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Atenciosamente,</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Laís Romero</div>
</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-45367656452838652642014-08-14T16:17:00.004-07:002014-08-14T16:18:20.928-07:00De onde vêm os leões<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
Um leão silente, ignorante de si<br />
apresenta-se ao sol, sem sabê-lo sol<br />
Seu pelo amaciado, sem nomear texturas<br />
seu olhar imponente, força de desconhecer,<br />
atravessa uma retina<br />
a minha<br />
E na presente hora, instante consumido<br />
me leva ao desejo de perecer</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-36245107321491947362014-07-20T22:32:00.004-07:002014-07-20T22:32:42.356-07:00Resenha da semana: 'Nas tuas mãos', de Inês Pedrosa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB_3bwb2NgjogWB5SHZlfnGxDqjjNx_BBL-PebVYUO35c-BMUkXBDq5OvD4RgRGB7P9b1j85U7HtfLFWTcF2nLT6ZcOP0V_2lIfDwrq_ljztsa7gw5-J63hFlhzDzs9itNV7BWR7QvoiQz/s1600/nas_tuas_maos_1235062686p.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB_3bwb2NgjogWB5SHZlfnGxDqjjNx_BBL-PebVYUO35c-BMUkXBDq5OvD4RgRGB7P9b1j85U7HtfLFWTcF2nLT6ZcOP0V_2lIfDwrq_ljztsa7gw5-J63hFlhzDzs9itNV7BWR7QvoiQz/s1600/nas_tuas_maos_1235062686p.jpg" height="320" width="210" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Inês Pedrosa foi uma dessas autoras que surgiu em minha vida ao delicioso acaso da busca na livraria. Percorrer despretensiosamente prateleiras com um olhar atencioso, acreditando que vou encontrar alguma leitura que me surpreenda, algo que me arrebate as horas de leitura num átimo de tempo, num segundo denso. Foi assim. Encontrei a obra <i>Nas tuas mãos</i>. A atual diretora da <i>Casa Fernando Pessoa</i> é uma jornalista que pode ser facilmente encontrada no Twitter, e que conquista em seus romances pelo ar melancólico e as palavras macias. Nascida em Portugal em 1962, atuou nos principais jornais de seu país natal. O romance aqui resenhado foi laureado com o <i>Prêmio Máxima</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Em <i>Nas tuas mãos</i>, encontrei três gerações de mulheres descrevendo/escrevendo suas vidas, suas faltas, seus desejos e desesperos. A linguagem é inteligente, leve, e o delinear das personagens é feito diante das experiências de cada uma. A primeira parte, <i>O diário de Jenny</i>, reverbera a tristeza da geração mais antiga da família, as lacunas do discurso evidenciam segredos. Sendo Jenny o sujeito desta parte do romance, é compreensível (eu diria até que é de dedução fácil) que se veja a complexidade de apenas um lado da história. O tom de exposição e confissão, a dor na sua mais viva exibição: o diário, as palavras em primeira pessoa, memórias e incursão no universo da invenção e das alegorias. As páginas de um diário são as sensações quase que no calor dos acontecimentos. Em um olhar pessoal, foi o momento de grande prazer de minha leitura. Há ali uma entrega romântica, apoiada em um sofrimento que veste bem o perfil da narrativa e se comunica profundamente com as narrativas posteriores. Abrir a leitura com o íntimo de um diário foi, de longe, um laço no leitor que escolhe esta obra para desvendar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">A segunda parte chega com dureza, fotografias que se sobrepõem a ensaios feitos pela personagem deste álbum: uma espécie de antologia de capturas dos momentos da árvore que compõe a vida da narradora desta parte. Em <i>O álbum de Camila</i> há o instante e a narrativa. Mais uma vez há a exposição da dor, que perde seu tom melancólico do capítulo anterior para ganhar uma cor mais forte, como um acordar após real pesadelo. As experiências ganham uma descrição minuciosa, bem como um patamar intertextual evidenciado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Intitulada <i>As cartas de Natália</i>, a terceira parte se comunica diretamente com a primeira e fecha as pontas das histórias cruzadas deste romance. Inês Pedrosa escolhe palavras como quem desfia um tecido leve, ao mesmo tempo que maltrata a carne na escolha de um enredo que toca no cerne da memória. Três gerações de mulheres: perpetuação de segredos, pactos. Um universo complexo e silencioso, que observa de dentro de baús e em antigos porta-retratos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">A leitura deste romance é fácil, não desafia esteticamente, mesmo tendo uma mudança significativa da forma como é escrito de capítulo a capítulo. O que captura o leitor é a melancolia que aparentemente nasceu com a escrita em português, o time contemporâneo de escritores portugueses, quando elencado pela crítica em geral, cita nomes conhecidos por serem melancólicos e/ou pessimistas. O enredo de <i>Nas tuas mãos</i> é a porta convidativa, a intrigante mão que segura a atenção (tensão) do leitor. Ler este romance causa dor.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-88984650325532233082014-07-13T13:09:00.000-07:002014-07-13T13:24:49.740-07:00Resenha da semana: 'O rei se inclina e mata', de Herta Müller<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdFohdiyNyuP5MMz-PfOK0SImQab_8Uyv0HMErZnqJXjujTeF6xhrqA6jGPZqg-Bhffkr0NW8nAZkre0vlOGNZ3J751LcVgaA7QdXPknuxuRCN0z1272XpLKjoZPrbxgIFueYkfcWkVwok/s1600/O_REI_SE_INCLINA_E_MATA_1385645111P.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdFohdiyNyuP5MMz-PfOK0SImQab_8Uyv0HMErZnqJXjujTeF6xhrqA6jGPZqg-Bhffkr0NW8nAZkre0vlOGNZ3J751LcVgaA7QdXPknuxuRCN0z1272XpLKjoZPrbxgIFueYkfcWkVwok/s1600/O_REI_SE_INCLINA_E_MATA_1385645111P.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">A vida acontece e se torna real/sentido através das palavras. Ler Herta Müller é um exercício semiótico que, de forma universal, traduz a memória da perseguição ditatorial. A escritora romena, naturalizada alemã, atravessou uma vida conturbada: o pai, um romeno de origem alemã, fez parte da SS, as piores tropas nazistas. A mãe sofreu uma deportação que a fez muda de medo. Herta cresceu no silêncio velado de uma ditadura, e ainda assim estudou letras germânicas e literatura romena pela Universidade de Timisoara. Acabou emigrando para a antiga República Federal da Alemanha, por se recusar a colaborar com o serviço secreto romeno. Em meio a esta memória, ameaças de morte e amigos ‘suicidados’, Herta Müller, para além de todas as expectativas, foi agraciada com o Nobel de Literatura no ano de 2009.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Em sua obra “O rei se inclina e mata” (<i>Der König verneigt sich und tötet</i>, trad. Rosvitha Friesen Blume – São Paulo: Globo, 2013), Herta desfia uma narrativa de vida fragmentada em ensaios que remetem à dor e a palavra. Os jogos de poder, mediados pelos significados (proibições na ditadura, silêncio e medo), são explicitados por uma voz que medita diante da língua romena em comparação à língua alemã. Para os falantes do português a tradução foi certeira: não há perda da noção de ausência e presença de significantes para as palavras elencadas pela autora. A escrita de Herta é feita em alemão, mas considera os vernáculos romenos em seus significados primeiros diante das situações, e os direciona para expressões que configuram eventos específicos. Há uma desconstrução do sentido habitual das palavras, além de combinações que reinventam as circunstâncias de uma determinada imagem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">A sentença “Não posso me tornar aquilo que não existe em meu idioma”, permeia todas as considerações da obra. Dividida em nove ensaios, o destaque se dá para o ensaio-título “O rei se inclina e mata”, que justifica a estranheza desta imagem, e evidencia o caráter arrebatador da escrita de Herta. Há um terror lírico nas palavras da autora, uma naturalidade em imagens pouco habituais aos olhos de quem não viveu uma situação extrema. A especificidade dos acontecimentos (corro o risco aqui de cair no lugar comum) a faz universal. Há a ‘luta com palavras’, o relato cru e o suave ‘perceber a vida’.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Não costumo resenhar um livro entregando de imediato trechos da obra, mas sim traduzindo um recorte das possíveis sensações a serem compartilhadas. Minha leitura (acredito que todas as leituras são assim) é um diálogo em que evoco as leituras passadas, as vivências. No caso de “O rei se inclina e mata” o eixo palavra-realidade-memória chega a ser palpável e a figura do rei (a título de pesquisa um retrato do ditador romeno Nicolae Ceauscescu) é suave, reside nas lacunas, no lirismo, na crueldade com que Herta faz a poesia de seus ensaios: de considerações literárias a relatos de uma violência que se entranha na carne.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">O título do terceiro ensaio do livro explicita bem o que aqui tento mostrar: “Se nos calamos, tornamo-nos incômodos – Se falamos tornamo-nos ridículos.” Herta escreveu no limite entre o incômodo e o medo de expor o cerne. Na fluidez de narrativas ensaísticas (talvez o termo venha a sanar uma possível conceituação do que Herta escreve nesta obra), o tempo se aproxima daquilo que todos vivenciamos nesta efêmera existência, e que a própria autora expõe em entrevista ao site O Globo:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">“Acho que nenhum dos meus livros é cronológico. O que é cronológico? A vida não acontece apenas em uma linha ou direção de percepção, como nas recordações. A minha vida funciona assim. Não é um truque literário.” (<a href="http://oglobo.globo.com/cultura/nobel-de-literatura-em-2009-herta-muller-fala-da-dura-experiencia-de-escrever-sobre-passado-nazista-refugiado-dissidente-de-sua-familia-2709850">O Globo, 28/07/2011</a>)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Fica então o convite: 213 páginas de beleza, dor, silêncio, recusa e coragem.</span></div>
<div>
<br /></div>
</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-27369093504891985882013-06-16T21:04:00.003-07:002013-06-16T21:04:46.080-07:00Explicação da ausência<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Há muito não me aproximo das letras para trazer qualquer átimo literário para estas paragens. Removida de uma repetição de produções carentes de revisão, aproximo-me de uma nova característica que se pauta em repensar o ato poético. Talvez eu volte inserida em um novo tipo de produção mais preocupada com uma particularidade, ou talvez assuma um posto contemplativo que me traga o bom e velho masoquismo necessário de quem ama a Literatura.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">'<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21px; text-align: left;">The woods are lovely, dark, and deep,</span></span></div>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21px;">But I have promises to keep,</span><br style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21px;">And miles to go before I sleep,</span><br style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21px;">And miles to go before I sleep.' Robert Frost</span></span></div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-19500004922304674222012-11-12T20:44:00.000-08:002012-11-12T20:44:30.144-08:00Os cavalos de Dom Ruffato* <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Caminhando pela casa eu li Os cavalos de Dom Ruffato. Li de um gole só, e fiquei cansada, desconstruída com um suspiro travado na garganta. Não quis escrever sobre a obra, quis viver, tão somente, abraçada ao caos de uma história em mosaico, construída de muitos acontecimentos que circulam no tempo do agora. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quando diz cavalo Rubervam Du Nascimento conta histórias, corre contra o vento de olhos abertos e poesia selvagem. Indomável, o texto arrebata a imagem contemporânea, como homem de seu tempo ele existe e transporta de dentro do seu lugar um discurso pesado, por vezes musical e indignado, um discurso destemido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os rastros trazidos pela linguagem de Rubervam são marcados, compassados e profundos, por vezes levantam mistérios, evocam nomes e fotografias de outros tempos, construções labirínticas nervosas: menino e cavalo correndo no sol. Uma atmosfera tumultuada se levanta diante de nossos olhos, a poesia procura o seu lugar, sempre a galope, cabelos ao vento no meio de um ritual de antes do antes.</div>
<div style="text-align: justify;">
A poesia de dom hubervã perez ratez evoca uma palavra antiga, homem indignado com a máquina pós moderna que o atropela, é como se o trabalho deste poeta se mostrasse tal qual pintura, imagens surgem do papel, imagens seus tons e cheiros. O mundo inteiro mora no calor dos versos piauienses de Rubervam, versos que correm debaixo de um açoite intermitente, tradução de realidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os cavalos de Dom Ruffato contam histórias, vivem um presente cansado, pesado de luta e persistência. Vivem num tempo de invasão, de peleja, versificada e unida por uma palavra “forte como a palavra cavalo”, escolhida por dom hubervã para o duelo com o mundo, espaço onde o leitor só pode vir a viajar e sair cansado, indignado, com sede. Este livro não se esgota, balbucia novo mundo, avança nas veredas abertas por todas as frestas de luz que insistem na cidade, depois dele só resta viver. Com um contentamento amordaçado e de mãos dadas com o “menino sol”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
*Obra premiada do poeta Rubervam Du Nascimento, lançada em 2005, Recife-PE.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
[Apreciação publicada no primeiro número da AO revista - publicação impressa do coletivo Academia Onírica]</div>
</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-27351162588209739092012-11-03T12:57:00.002-07:002012-11-03T12:58:24.026-07:00Estudo n° 9<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No ato de minha morte</div>
<div style="text-align: justify;">
perpetuem fora de meu peito</div>
<div style="text-align: justify;">
o coração já cansado</div>
<div style="text-align: justify;">
está rôto, tem um defeito</div>
<div style="text-align: justify;">
marcado</div>
<div style="text-align: justify;">
nunca fucionou direito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sempre vistoso rumo à prosa</div>
<div style="text-align: justify;">
este órgão, sem remorsos,</div>
<div style="text-align: justify;">
ainda há de viver poesia</div>
<div style="text-align: justify;">
Envergado de pena e agonia</div>
<div style="text-align: justify;">
acostumou-se a trabalhar em silêncio</div>
<div style="text-align: justify;">
viciado em lento lamento</div>
<div style="text-align: justify;">
condoía-se de café e cansaço</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi o mais tímido fracasso</div>
<div style="text-align: justify;">
que colecionei em vida.<br />
<br />
<br /></div>
</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-54547067798409064702012-10-03T18:27:00.001-07:002012-10-03T18:27:36.843-07:00Fragmentos <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Me sentindo solitária por esses tempos. O trabalho afasta as pessoas... os desejos nos levam ao trabalho. A crueldade desta escravidão me aterroriza... Marguerite Yourcenar teve razão.</span></div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-28819542397102066222012-07-26T08:42:00.003-07:002012-07-26T08:43:10.834-07:00Desenredos 14<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.desenredos.com.br/"><img border="0" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJlLoE_2LRoWXUIi2aHQogO4IwpYz5IwZiBj1WlCqGMAY9d6V11-j2nEoSjsl_GXAryBO7K33UaPqDU6YDjmy8-Q73ovtDgBOXDZwIk2tlGwdpEk143Sb9_4zB9E2acoaa4qPkyltvVY25/s320/393399_128212427297766_952270455_n.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Recomendo aqui a revista de cultura e literatura <a href="http://www.desenredos.com.br/">Desenredos</a>, um periódico digital que admiro e respeito por sua primazia na manutenção de uma linha editorial que vale a pena ser lida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nesta edição tive o prazer de participar com 6 poemas.</div>
<br />
<br /></div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-12587464251205240172012-04-08T19:00:00.000-07:002012-04-08T19:00:18.384-07:00Poema da noite<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
Noite<br />
calabouço voraz<br />
intermitente pedra nos olhos<br />
imagens rudes<br />
de onde o templo magnífico<br />
não se apresenta à vossa sombra<br />
<br />
Voraz<br />
antídoto das mágoas<br />
ruínas memórias suicidas<br />
entrevejo um possível de riso<br />
na amplitude do deserto negro.<br />
<br />
Um desejo<br />
é tudo que ronda tamanho espaço<br />
é tudo que morde meu mamilo seco<br />
é tudo que rende um faminto beijo<br />
e exaspero-me em saudades...<br />
Não mais aqui estamos<br />
as mãos soltas na aurora nervosa<br />
o suor denso o peso<br />
o ambíguo jeito que me olhas agora...<br />
<br />
Noite<br />
calabouço voraz<br />
e me admiro ainda de tua fome<br />
do meu passo pesado<br />
tua mão enorme:<br />
uma sombra invade o recinto<br />
e choro<br />
<br />
Voraz<br />
como as fiandeiras<br />
sedentas pelo corte<br />
como a sede espinhosa<br />
na língua aflita<br />
como o sacrifício onde<br />
os deuses se alimentam.<br />
<br />
De mim resta apenas<br />
o rosto do sujeito<br />
indefinido e criterioso<br />
a observar o escuro fosso<br />
de um poema inacabado.<br />
<br />
A noite é voraz silêncio<br />
indagações são ventos<br />
que animam os corpos.<br />
Estamos a um passo do deserto<br />
e meu corpo lá espera<br />
por um sopro do poeta.</div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-50532926299252855162012-03-31T17:20:00.000-07:002012-03-31T17:20:07.259-07:00Estudo n°07<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
Dos teus duros olhos de âmbar<br />
escapa a minha dança<br />
e sobram outros segredos.<br />
<br />
Duros aspectos do medo<br />
sinto meu pulso revidar<br />
um ritmo atravessado em garganta<br />
e ainda em dança em dança<br />
no âmbar dos nossos anseios.</div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-16964156433173395852012-02-28T19:48:00.000-08:002012-02-28T19:48:31.264-08:00Por onde começamos?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
<br />
Não sei ao certo se a porrada que levei hoje é válida como ponto de partida de alguma palavra forte.<br />
Não sei mesmo. Quantas vezes se começa algo? E os términos?<br />
Só posso sentir o gosto do sangue, delicado, na língua inquieta.<br />
Só dúvidas.<br />
Nada pode me fazer mais melancólica. E completa.<br />
E o que fazer com as coleções de fracassos?<br />
Despejo-me numa causa solitária, e o passar dos anos é o meu maior desejo.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">E isso daqui fica assim, terno e flutuante, isso mesmo, é essa a referência...</span><br />
<br />
<br />
<br />
</div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-29693215413324315522012-01-30T14:42:00.000-08:002012-01-30T14:42:35.638-08:00À Ñande Ru Tenondé<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><i><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Depois de fundir-se o espaço e amanhecer um novo tempo,</span></i><br />
<i><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">eu hei de fazer que circule a palavra-alma novamente</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">pelos ossos de quem se põe de pé,</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">e que voltem a encarnar-se as almas,</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">disse nosso Pai Primeiro.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Quando isso acontecer</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Tupã renascerá no coração do estrangeiro;</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">e os primeiros adornados novamente</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">se erguerão na morada terrena por toda a sua extensão.</span></i><br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">(Profecia da nação Guarani do clã Jeguakava, narrada por Pablo Werá no início do século XX, in: JECUPÉ, Kaka Werá.<b> Tupã Tenondé</b>. Editora Peirópolis: São Paulo, 2001. Página 09)</span> </div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-82701068509886599952012-01-21T09:24:00.001-08:002012-01-21T09:24:25.160-08:00Send his love to me<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/rsUIl7qVzYw?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><br />
</div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-79405412582892212972011-11-24T14:22:00.000-08:002011-11-24T14:22:46.974-08:00Aforismo sobre a morte<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Nesta pele a palavra escorre violenta.<div>E nem mesmo a dor promove poesia neste instante.</div><div>O tempo examina atento as situações inventadas,</div><div>as vozes a mudarem o tom,</div><div>o rosto no seu mais encantado relaxamento.</div><div>'É de brilho que se alimentam os espíritos.'</div><div>Pronunciam... e a palavra não se abala:</div><div>respira indômita na sua mais calma essência.</div></div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-46604325870898177252011-10-12T07:20:00.000-07:002011-10-12T07:40:12.443-07:00Estudos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><b><br />
</b><br />
<b>N° 03</b><br />
<br />
Os olhos perdidos alteram-se<br />
em cores repartidas por paixão<br />
O vento atravessa meus dedos<br />
e perco o rumo em delírios, em vão.<br />
Por quanto tempo mais devo<br />
exigir dos meus domínios de desejo?<br />
Evoco deuses, aflição inconsolável,<br />
aperto dentes dedos fibras<br />
vasos tortuosos entre carnes<br />
E não há portas para onde te carrego<br />
nem te escuto os reclames e elogios.<br />
O querer é um desafio necessário<br />
que moldo o vento, se possível,<br />
no conhecido rosto do inefável.<br />
<br />
<br />
</div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-75021479252899259342011-09-26T18:11:00.000-07:002011-09-26T19:02:14.136-07:00Estudos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<b><br /></b><br />
<b>N° 01</b><br />
Às vezes, em suspensão,<br />
olho ao redor de tudo<br />
o que me faz ausente<br />
<br />
A queda é macia palavra<br />
e sequer te sinto, estranho,<br />
sentado ali.<br />
<br />
<br />
<b>N° 02</b><br />
Nos levantamos juntos<br />
e ainda assim te ignoro...<br />
Meus motivos constantes<br />
são puramente verbais<br />
e o teu sorriso<br />
[uma afronta]<br />
não disse a que veio.<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-65572611384403460112011-09-15T17:53:00.000-07:002011-09-15T17:53:34.045-07:00Respiração forte<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
A entrega e seus mecanismos obscuros. Uma parceria, um contrato tato divino feito. Canto de olho, paralisia, tremores e a cor vermelha. Fotografias, observações milimétricas, aproximações sutis de sonhos compartilhados e estradas mal divididas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sei.</div>
<div style="text-align: justify;">
Entrega é risco, distorção por desapego e a velha conhecida saudade do que não é.</div>
</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-4684565063536764262011-09-05T07:24:00.000-07:002011-09-07T05:19:01.221-07:00Um sussurro<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> Para ler em voz baixa. Muda.</span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
"Um sussurro" ela falou</div>
<div style="text-align: justify;">
com doçura os sons esperam</div>
<div style="text-align: justify;">
dentro de olhos tão arredios</div>
<div style="text-align: justify;">
duma quase pronúncia rouca.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deitada às vésperas e diante</div>
<div style="text-align: justify;">
dos passos na rua das rosas</div>
<div style="text-align: justify;">
onde ela mora (?)</div>
<div style="text-align: justify;">
os cães sempre ladram</div>
<div style="text-align: justify;">
e "um sussurro" vem por acaso.</div>
</div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-45897497265428026732011-08-31T17:59:00.000-07:002011-08-31T18:00:24.629-07:00Bom conselho ou Palavras a um iludido<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br />
"Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor de cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos." </div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> Carlos Drummond de Andrade</span><br />
<br />
<br />
<br /></div>
Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-59570354645167167022011-07-08T15:16:00.000-07:002011-07-08T15:16:29.103-07:00PerpendicularesDesafiar o novelo<br />
num grito<br />
nesta linha<br />
perigo .<br />
<br />
desfiar o caminho<br />
aviso !<br />
preciso parar<br />
de correr o risco<br />
da vida.<br />
<div><br />
</div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-21992031029674222492011-05-30T18:06:00.000-07:002011-05-30T18:14:19.031-07:00Eterno retorno<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
Talvez eu vá para o inferno<br />
e leve comigo dezenas de risos descontrolados<br />
e me pergunte por lá porque hoje é sexta-feira<br />
e porque existem as horas<br />
ou qual rumo devo tomar<br />
quando meu rosto estiver salgado de raiva?<br />
E que dia é o dia certo?<br />
Que minuto é o minuto de voltar?<br />
<br />
Tudo se regenera por agora<br />
o tempo não me persegue mais.<br />
Tenho vontade de dizer boa noite<br />
Vírgula<br />
mas minha mão não se consola e quer conversar<br />
quer conversar comigo<br />
Travessão<br />
Senta aqui meu bem<br />
segura o meu tendão<br />
estou caindo e o suor frio me espera<br />
junto àquele inferno do início<br />
onde bocas famintas<br />
aguardam o prato<br />
sou apenas um jantar medroso<br />
<br />
Boa noite.<br />
(Ela se entrega e vai para a cama.)</div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-8817883777825033022011-05-09T09:35:00.000-07:002011-05-09T09:35:58.972-07:00Pesadêlo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">O corpo nu permanece deitado<br />
e as ausências sobram sem cor quando<br />
metáforas inesquecíveis evaporam<br />
do ardor doentio de ser.<br />
Não arredo pé enquanto não couberem<br />
em mim<br />
todas as perguntas do universo<br />
cor, cheiro e sexo<br />
pense o quanto quiser...<br />
Enquanto caminho no frio<br />
meu corpo dorme assustado<br />
ainda nu<br />
como nasci<br />
nu<br />
como morrer é. Acordo.<br />
Eu, que nem sei como construir<br />
um edifício multifaces.<br />
Eu, que nem sei como consertar<br />
os teus ombros que os mundos não cabem.<br />
Só queria te falar<br />
mas não consigo<br />
nem sutil pronúncia...<br />
Incompetência linguística, paixão...<br />
Acordei mais uma vez<br />
sozinha<br />
arrependida de não tê-lo antes ficado.<br />
Não tremo<br />
meu corpo arde porque é preciso:<br />
segura minhas mãos e vem comigo<br />
que o glorioso fim nos espera.<br />
<i>[Fecham-se as cortinas. Suspiros]</i></div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2858351445135918229.post-23673497417818874432011-05-09T09:24:00.000-07:002011-05-09T09:24:33.521-07:00Piada pronta<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
Um poema me consome neste instante.<br />
Sacudo os pés em angústia<br />
e minhas vísceras se retorcem<br />
de ansiedade.<br />
Mas eu não sei como fazê-lo...<br />
Só sei sorrir essa mesma<br />
velha história de sofrer<br />
pelo poema que não se pode parir.<br />
<br />
<br />
</div>Laís Romerohttp://www.blogger.com/profile/10553761793123281302noreply@blogger.com1