terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Dançam as rosas
Ela sempre escorregava pelos braços dele: braços feitos em abraços, em afagos, treinados para segurar cada louca indecisão, cada pequena alteração.
Ele rodopiava em insegurança, não tinha onde segurar, os cabelos escorregavam, a cintura afinava, ela sempre escapava.
Viveram numa ciranda, talvez círculo incompreendido, baile sinuoso, olhos em mentiras.
Viveram em promessas extensas, planos de fumaça.
...
Quem sabe o que há de ser depois de outros bailes, outras danças.
Quem sabe o que não pode se resumir traga a força de um sorriso novo.
Quem sabe cala e prossegue.
sábado, 20 de dezembro de 2008
EVOL
Nenhuma poesia ou história.
Nenhuma citação.
Só amor mesmo.
De muito.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Perhaps, perhaps, perhaps...
Andava cercando o parceiro há dias... Numa hora espremida entre um salgadinho gorduroso e uma cerveja na chuva resolveu abrir-se. Uma tentativa de se livrar de situações estranhamente presentes. Situações que não lhe pertenciam...
- Nada.Quero nada.
- Sabe como se sabe disso?
- Não.
- Quando o perfume não se mostra nas horas, e as cores derramam-se das coisas, assim bem honestamente.- Ele mantinha os olhos escuros de raiva anterior, e as doces palavras a escorrer como que um encanto. O dono das contradições mais deliciosas.
- Como assim honestamente?
- Sabe o que é sinceridade?
- Soube um dia desses...
- Pois é, é quase a mesma coisa.
- Como é que cabe um quase dentro da sinceridade?
- Do mesmo jeito que cabe uma dúvida no amor.
- Tipo perhaps?
- Não.
- Então me mostra...
- Não.
Levantou-se raivosa atravessando a calçada suja. Vestiu uma jaqueta jeans: chovia naquela noite e achava a jaqueta um detalhe urbano excepcional. Um sorriso desesperado de quem não sabe ou não quer sair do áporo. Vício. Passados alguns ônibus a antiga dor no peito a perturbava. Praguejando contra a constelação de Orion, que supostamente a protegia, levantou-se e decidiu caminhar. Maldito José Matias!
Dois quarteirões depois entrava no carro.
Um beijo desesperado.
De volta ao áporo, velho vício de drama de novela.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Conto Confronto II. Enfim Sóis
“Muito obrigada pelas flores que hoje são insultadas em frieza. Agradeço a desilusão em nota maior e as doses de tortura somadas ao fim. Reservo-me os direitos de ficar assustada, raivosa, translúcida, olho bem aberto para a frieza entrar. Me reservo o silêncio nobre, aquele que tudo diz.
Ofereço-te uma consciência tranqüila e toda paz de espírito que puderes se permitir. Devolvo-te as sombras em abraços, os terrores do passado e as melhores gargalhadas.
Enlouqueço-me nas contradições, te odeio nas horas vagas e me perco em vício desmerecido.
Eu sei exatamente o que não preciso.”
Em alvorada, o personagem rude se deitou. E não precisou mais sonhar com ela. Haveriam de pertencer a outras horas da madrugada.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Fica mais doce...
É bem doce saber que...
... os buracos nas estradas à noite fecham para dormir, e as estradas ficam planas ...
... a Lua quando vai dormir se embrulha com as nuvens ...
... na escola não se estuda, só se faz tarefa ...
... que não posso esquecer o beijo e o abraço antes de sair .
Tão bom de se viver.
" Mamãe é linda e mariviosa" (entenda: maravilhosa)