quarta-feira, 29 de julho de 2009

Na minha vida também, Caio

Os Mestres são muitos, e os nossos diálogos são violentos. Às vezes meu silêncio traduz milhas, e fico observando o muito acontecer...
Hoje me deparei com ele me dizendo o transcrito abaixo:

"Você quer escrever. Certo, mas você quer escrever? Ou todo mundo te cobra e você acha que tem que escrever? Sei que não é simplório assim, e tem mil coisas outras envolvidas nisso. Mas de repente você pode estar confuso porque fica todo mundo te cobrando, como é que é, e a sua obra?{…}Você só tem que escrever se isso vier de dentro pra fora, caso contrário não vai prestar, eu tenho certeza, você poderá enganar a alguns, mas não enganaria a si e, portanto, não preencheria esse oco. Não tem demônio nenhum se interpondo entre você e a máquina. O que tem é uma questão de honestidade básica. Essa perguntinha: você quer mesmo escrever? Isolando as cobranças, você continua querendo? Então vai, remexe fundo, como diz um poeta gaúcho, Gabriel de Britto Velho, “apaga o cigarro no peito / diz pra ti o que não gostas de ouvir / diz tudo”. Isso é escrever. Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a “função social”, nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora. A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. Essa expressão é fundamental na minha vida.

Caio Fernando Abreu in Carta ao Zézim

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O primo Vassili

Hoje foi um dia de silêncio.
Me deparei com um país distante e com uma poesia próxima, me deparei com história e com violência no versar silencioso. Paradoxo, uma vez que os versos deveriam ser feitos para serem gritados até a ultima fração de fôlego. Resquícios de ar ainda ficariam no peito, envergonhados de não terem saído com a poesia abrupta.
Hoje me deparei com a música na vida. Escrevo para o mundo cantar, e todos se identificarem, e para que o uso destes versos seja proveitoso. Me suicido, me mordo e grito absurdos na escuridão diária, estou dentro de uma caixa e nenhum faz o favor de encontrar meu encanto. Não é drama ou vocativo, é aposto explicando nas metáforas mais sanguinárias como ser poeta em meio ao barulho da correria, o aleijão do trabalho de ouro. Querem se abraçar e se sufocam todos, não sabem o que fazer, mas eu também já fui um tolo, me apertei em tantos abraços achando que amava os outros...
Taxar de confuso é fácil e satisfatório, uma vez que se sentiriam superiores os tantos esquecidos do poder do versar. Não escrevo em versos justamente por estar presa na falta, por ainda ser petrificada, e hoje é dia de silêncio e não de gritos, é dia de ouvir e não de cantar. Hoje não é dia de festas, é lamentação de vazios de dor. Sem sombra de dúvidas estou em um hiato, desses que fervem a alma na necessidade de entender mais, de saber mais. Não que seja ruim este desejo, mas a ânsia consome como qualquer outra, cheia de tentáculos e imprevistos, cheia de sussurros e de gritos a soletrar sutilezas que não acalmam.
Vou trilhando, construindo um caminho cheio de voltas, segurando em minhas próprias mãos suadas, sozinhas e necessárias.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cantiga em azulejo vagabundo

Uma pedrinha de frieza
é azul e melindrosa
se infiltra deliciosamente
na crua carne cor de rosa

Não me tirem essa frieza
que de mim já faz parte
uma hora eu sumo
e o que restar vira arte

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Assim:

as mãos enormes
e a boca expressiva.
Nos olhos denúncia,
e a vida
(incômodo)
quase sempre vazia.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Trimera Revista




Fico cada dia mais feliz com as visitas e comentários neste blog. Muitíssimo obrigada. E agora dando o devido valor a um trabalho que participo, este post tem como utilidade divulgar a revista Trimera, na qual presto meus singelos serviços de "arroz", ou seja, acompanho de tudo dentro dela.
Ela já está no número 3, as anteriores podem ser conferidas no blog da revista: Trimera.
A referida em questão está nas bancas de revistas de nossa querida Teresina e algumas do interior do Piauí. Espero que apreciem este trabalho que, ao contrário de muito que se grita pela nossa cidade a respeito de cultura, sobrevive e cresce valorizando artistas da terra do sol!


O preço é o de sempre, só R$3,00 reais.


Agradeço desde já, pois sei que irão se deleitar com o nosso trabalho!

(Quem diria hein? Uma propaganda por aqui! Mas, já foi dito por aí que investir em cultura é mais barato que arcar com as despesas da ignorância...)