segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eterno retorno


Talvez eu vá para o inferno
e leve comigo dezenas de risos descontrolados
e me pergunte por lá porque hoje é sexta-feira
e porque existem as horas
ou qual rumo devo tomar
quando meu rosto estiver salgado de raiva?
E que dia é o dia certo?
Que minuto é o minuto de voltar?

Tudo se regenera por agora
o tempo não me persegue mais.
Tenho vontade de dizer boa noite
Vírgula
mas minha mão não se consola e quer conversar
quer conversar comigo
Travessão
Senta aqui meu bem
segura o meu tendão
estou caindo e o suor frio me espera
junto àquele inferno do início
onde bocas famintas
aguardam o prato
sou apenas um jantar medroso

Boa noite.
(Ela se entrega e vai para a cama.)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Pesadêlo

O corpo nu permanece deitado
e as ausências sobram sem cor quando
metáforas inesquecíveis evaporam
do ardor doentio de ser.
Não arredo pé enquanto não couberem
em mim
todas as perguntas do universo
cor, cheiro e sexo
pense o quanto quiser...
Enquanto caminho no frio
meu corpo dorme assustado
ainda nu
como nasci
nu
como morrer é. Acordo.
Eu, que nem sei como construir
um edifício multifaces.
Eu, que nem sei como consertar
os teus ombros que os mundos não cabem.
Só queria te falar
mas não consigo
nem sutil pronúncia...
Incompetência linguística, paixão...
Acordei mais uma vez
sozinha
arrependida de não tê-lo antes ficado.
Não tremo
meu corpo arde porque é preciso:
segura minhas mãos e vem comigo
que o glorioso fim nos espera.
[Fecham-se as cortinas. Suspiros]

Piada pronta


Um poema me consome neste instante.
Sacudo os pés em angústia
e minhas vísceras se retorcem
de ansiedade.
Mas eu não sei como fazê-lo...
Só sei sorrir essa mesma
velha história de sofrer
pelo poema que não se pode parir.


We are the same thing:



Terno e gravata, enfim
deitada de sapatos.
Quando eu morrer,
meu bem,
não me cite em meu epitáfio.