terça-feira, 29 de junho de 2010

Função da poesia

Pra que é que tu quer poesia?
Tampar buraco na parede
Fazer sutura
Limpar o chão
Pra cantar mulatas
Comprar as drogas
Buscar estrelas e
Florir as hortas

Mas me diz, que eu ainda não entendo
pra que é que tu quer poesia mesmo?
Pra vender lixo
Reciclar a alma
Pagar o flanelinha
Atravessar o Parnaíba
Fazer farofa
Votar
Pra andar descalço
Pra desculpar as loucuras e
Pegar passarinho

E pra que mais que tu usa
Essa tal de poesia?
Pra subir a serra
Remendar roupa
Catar feijão
Assar milho na estrada
Rezar o terço
E vezenquando
Morrer na curva São Paulo





Eu só não uso para amar
que com poesia não se ama
nem se abraça ou vai pra cama
amor é bom é de viver.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O mundo é tão bonito

Li meu primeiro Saramago quando tinha 15 anos. Não choro a morte dele, ele não é um ídolo. Odeio ídolos. O mundo ficou mais burro, quem disse isso foi o Fernando Meireles. Eu concordo. Estou fragmentada por isso. Gosto de tudo que leio do Saramago. Ele me ajudou a ser quem sou hoje, seja lá o que isso signifique. Pena que ele não escreverá mais. Meu filho vai ler Saramago, ou pelo menos eu assim o estimularei. Vale a pena. Vale todas as penas de uma leitura difícil. Ele nunca vai ser esquecido. Eu acredito nele.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sem sombra de dúvida

Não há sombras quando não há dúvidas. As dúvidas são pétreas, sólidos monstros loucos. Moinhos em penhascos e todos residimos em suas sombras. Eles não nos tocam, só nos perseguem dia e noite, cobrem a luz do sol, o reflexo da lua e nos olham felinos, satisfeitos da assombração diária.
Certeza, certeza... só a morte.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Desejo ser

à Marina Colasanti

Todos os dias caminho
na areia mais grossa
correr nela é o desafio
que impus à lógica

Todos os dias
um poema novo
me move
e eu apanho
na cara
eu apanho eu apanho
a___p___a___i___x___o____nada