sábado, 28 de fevereiro de 2009

6 coisas, 6 links




Indicação da L-nise, e resolvi participar: afinal de contas linkar nunca é demais... faz bem pro blog.
Regras: 6 coisas sobre mim, 6 indicações. (simples demais)

1- Canto bem alto quando estou sozinha. Tão bom...
2- Cubro meu pescoço quando vou dormir, tenho medo de vampiros.
3- Calço 38.
4- Levo sempre uma leitura ao banheiro.
5- Adoro me apaixonar.
6- Tive muito medo de me tornar mãe. Hoje tenho medo de me tornar uma mãe ruim.

Os links:

A desjanela dela, Divina devana, Um copo de caos, O quarto branco, Mercadoria da boa e Penso torto.

Divirtam-se!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Um conto

Deitada no sofá, naquela pose bem retrô, cabelos quase atravessando o chão, olhos caídos e densos.
Se mantinha com a postura leve, mas os passos e mãos pareciam amarrados sempre que possível, tradução do improvável, manipulação: jogos de armar.
Gostava de se esconder na noite pesada. Plúmbea madrugada, morada da cor de seus olhos loucos. Nascida em flor azul, traduzida de línguas extintas, línguas mortas, esculpida em colunas gregas, em face ao mar, cheiro de orvalho salgado. E sucumbia a qualquer insano prazer, mas na medida de suas indagações resolvia/revolvia feridas no compasso acelerado da volta à realidade comum responsável: era sua melhor fotografia.
Se fosse possível olhar agora seria notável sua pose grave, os olhos rasgados na face. A boca esculpida em pedra fria guardava quente veneno, perdas e danos de uma criatura inconstante. Escandalosamente espalha sorrisos pelo vento numa tentativa desesperada de curar o desapique do peito.
No meio de tantos suplícios, no travesseiro das lamentações, no decorrer da história em tinta preta, encontrou o brilho de outros olhos atenciosos. Estes seus que sempre marejavam diante da extensão insuportável que pode ser a vida, estes seus olhos que muito trabalharam na focalização do belo... estavam ali, brilhando frente à luz.
O amor é formidável.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Restos de explosões

Eu sou dessas pessoas que gritam no escuro esperando sempre uma resposta.
Uma resposta à altura.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

...

Não entendo o sumiço das palavras de meu blog.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Incompetência lírica

Neste instante gostaria de doer em alguém:
"Estou viva!" Pensaria a pessoa, e eu seria a causa disto.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Chico

Me assusto todas as vezes que encontro trechos de músicas de Chico Buarque no mundo virtual de amigos. As traduções cruéis de desconfortos, desagravos e desapiques de relacionamentos amorosos é recorrente dentro da língua poética (maravilhosa) de Chico, principalmente em se tratando do lado feminino.

Não, solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas
Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar

Maltratando, exibindo a alma, ou repetindo versos feitos de quando nos perdemos uns dos outros...

Éramos nós
Estreitos nós
Enquanto tu
És laço frouxo
Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E
vê se a febre dele
Guardada em mim
Te
contagia um pouco


Não vou colocar trecho nenhum de olhos nos olhos, crueldade por crueldade fica o trecho acima, ou abaixo:

De todas as maneiras que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão

Qualquer um cantarolando Chico estremece a alma do parceiro ( se este puser no dia um mínimo de sensibilidade é claro), e numa separação qualquer o bom e velho bonitão de meia idade está lá, sussurrando as palavras certas, as traduções mais precisas...

Vou chegar
A qualquer hora ao meu lugar
E se uma outra pretendia um dia te roubar
Dispensa essa vadia
Eu vou voltar
Vou subir
A nossa escada, a escada, a escada, a escada
Meu amor eu, vou partir
De novo e sempre, feito viciada
Eu vou voltar

É por essas e outras que me preocupo. Quando se recorre a Chico não existe outra explicação senão: foi uma pancada muito forte, uma dor muito aguda ( redundâncias à parte), uma torturante hora que não permitiu pensamentos, e o Chico estava lá, era a tradução precisa, com todas as metáforas, metonímias, ditados, e nunca exagerado.

Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas
sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão