quarta-feira, 29 de agosto de 2007

ainda

ainda ontem...
sei não.
tudo tão perdido.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Sou(L)

Não, não é nada de bonito, nada belo. Hoje eu quero as coisas sujas,...nada de lírios ou flores claras, quero o lixo.
Espírito indecente, loucuras inconsequentes...devaneios profanos.
Ontem eu quase não levantei da cama, o gosto de morangos mofados, os lábios inchados de uma porrada. Ontem quase fui embora de novo, mas as dores me mantiveram sóbria...deitada.
Se pudesse viajaria de volta para Vênus, ouvindo Radiohead no meu ônibus,... nada nada nada me faz mover os pés, nada me fez aquecer as mãos...
Palavras que poderiam vir para rimar.
Soluções que não fazem nada além de me destruir mais ainda.
Metades.
Metas.
Ainda fui alí, espiar o tempo na janela, quase me arrastando...quase me retirando de novo da órbita.
Eu te disse que daria náuseas morar na Terra...
Mas.
Mar
mas
Mar o mar o mar amar...
Ainda ontem eu fui ao inferno e as portas todas se abriram...
extravaso de novo nessa tentativa frustrada de parecer comigo.
Impossível.
Inefável
Infinito.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Para Ana Marques

muito grave
grave
grávida
ávida por vida
brotando da barriga
circunstâncias graves
grave grave
não agrave
agrade
a agudez de sua barriga
vai brotaruma flor
grave menina de luz!

sábado, 11 de agosto de 2007

Madrugada Poesia

Os olhos pesam
A alma quer se sentir conectada
As paredes:
Concreto
O pensamento:
sintético
O ser humano sem demasias
Sem demoras se joga: língua
Os signos organizados
As sereias nadando em círculos
E o transtorno sendo burlado
Pela mão que desaba
Desata
Desatina a poesia
Pena, caneta, esfinge, teclado
Pesar, cantar, desistir? Jamais.
Pesadelo do protesto contido!
O escrito se aborrece com o fetiche do escritor
As palavras se tornam fugidias
Música
Música
Poesia.
Precisa de ritmo
Arritmia
Descontrola o pulso
Fecha o punho
Pomo da discórdia
Acordar mais uma vez para dentro de si
E descobrir que as fronteiras
Continuam ali para serem quebradas

Desatino de nós

são tantos os desatinos e disparates
tal qual pregos que caem numa bandeja de metal
ensurdecida
insandecida
por vezes tinindo
entrego o jogo
desato os nós deitada na grama
deitada na neve
com toneladas de devaneios sobre as sombrancelhas
a noite não me comove mais
e as luzes da manhã não despertaram ainda
piso devagar
divagando profana
mas os nós - todos nós - que criei
nós vamos sair dessa
nós não somos mais
todos eles desistiram
destruiram a colorida viagem
e me jogaram nas paragens
em frente a uma porta
que nunca vai se abrir.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Manifesto antipoesia

O inebriante momento faz as letras transbordarem, loucas, indecisas...
E todos os poetas se excitam, têm os pêlos eriçados!
As palavras quebram os vidros e os estilhaços (ah!...os estilhaços); eles atingem corpos vazios que se cruzam nas horas sem luz!
Vire! O verso!
Vide o verso!
Vixe! O verso!
E os olhos ganharam novos traços
Não são cores
Não são luzes, brilhos ou desenhos
São inefáveis e são.
Tudo culpa desses poetas que uivavam nas noites grávidas,
Esses poetas que abriram os braços e feriram os códigos
E desferiram seus golpes
Balas perdidas
Transbordaram
Alguns chegam a parir os sentimentos!
Tudo culpa desses anormais, que sentem tristeza, que se embriagam nos motes lançados pelos suspiros!
Ah! Malditos Poetas!
Alguns se disfarçam de humanos, mas logo são notados por serem humanos demais, demasiados!
Mas?! Como? Haverá salvação?
Simples!
Para capturar um poeta basta utilizar como isca o Infinito que povoa as coisas todas do mundo, rapidamente serão atraídos, pois possuem na alma a ânsia de infinito!
Amarre-os com as cordas da Realidade, não os deixe usa-las como mote!
Depois lhes dê doses únicas de Razão, assim, meio que para matar os sonhos em excesso, isso sempre ajuda.
Com pregos faça-os manter os pés firmes no chão, não os deixe tocar o céu!
Depois disso, se diagnosticares borboletas no estômago, faça-os vomita-las! Caso contrário terá sido tudo em vão.
Vão! Agora vão!
Tragam esses malditos poetas para que não mais intoxiquem nossas vidas de sonhos, de prazeres em intrigar nossas almas!
Não podemos permitir que esses revolucionários continuem criando essas associações, como sindicatos: românticos, modernistas, parnasianos, simbolistas...bando de desocupados!
Ficam aí a vomitar sutilezas verbais! Ficam aí amando despudoradamente a vida!
Essas piruetas lingüísticas podem levar à morte! Cacem os poetas!
Não à subjetividade! Não ao sentimento denso!
Os poetas perturbam nossas mentes!
Realidade já!


Laís Romero

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Sem título

Vim de tão longe...
Vide meus olhos
rachados!
Manchados!
Vim de tão forte
sentimento, tão tanto
permanente, permuta...
Vide as minhas mãos
ensangüentadas!
Vim de dentro,
tão viva e pulsante
vide o infinito
no verso!

Laís Romero

sábado, 4 de agosto de 2007

que merda

não consigo parir uma poesia.
estou suada
trabalho de parto lingüístico
trabalho de inquietude suprema
merda!
os sentidos se contorcem sob a pele
Absorvo tudo e doloridamente fico aqui, escrevendo esses advérbios inúteis que não traduzem nada.
nem a metafísica
nem os olhos
nem a cor
as cores
os traços
que merda
que merda
não consigo parir
para poesia não há fórceps!
ahhhhhhhh

Não eu nem...

eu que nem sabia de nada, nem desconfiava. Imaginava de longe que as nuvens saberiam das verdades e quando eu fosse pra lá poderia desvendar os motivos, as loucuras e todos os sonhos.
Eu que nem crescí ainda, talvez que não pudesse descer as escadas, vencer os sentidos, inebriar o olhar...
Nem tinha cantado os versos, nem tinha esbarrado na razão...mas achei que...talvez se....
Ah.
Sempre que chega essa hora da noite, essa hora da noite ... ah! Eu fico assim,...nua, num canto do quarto.
quarto sentido.
quarto sentido.
sentindo que nunca mais, talvez...e se?