quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Manifesto antipoesia

O inebriante momento faz as letras transbordarem, loucas, indecisas...
E todos os poetas se excitam, têm os pêlos eriçados!
As palavras quebram os vidros e os estilhaços (ah!...os estilhaços); eles atingem corpos vazios que se cruzam nas horas sem luz!
Vire! O verso!
Vide o verso!
Vixe! O verso!
E os olhos ganharam novos traços
Não são cores
Não são luzes, brilhos ou desenhos
São inefáveis e são.
Tudo culpa desses poetas que uivavam nas noites grávidas,
Esses poetas que abriram os braços e feriram os códigos
E desferiram seus golpes
Balas perdidas
Transbordaram
Alguns chegam a parir os sentimentos!
Tudo culpa desses anormais, que sentem tristeza, que se embriagam nos motes lançados pelos suspiros!
Ah! Malditos Poetas!
Alguns se disfarçam de humanos, mas logo são notados por serem humanos demais, demasiados!
Mas?! Como? Haverá salvação?
Simples!
Para capturar um poeta basta utilizar como isca o Infinito que povoa as coisas todas do mundo, rapidamente serão atraídos, pois possuem na alma a ânsia de infinito!
Amarre-os com as cordas da Realidade, não os deixe usa-las como mote!
Depois lhes dê doses únicas de Razão, assim, meio que para matar os sonhos em excesso, isso sempre ajuda.
Com pregos faça-os manter os pés firmes no chão, não os deixe tocar o céu!
Depois disso, se diagnosticares borboletas no estômago, faça-os vomita-las! Caso contrário terá sido tudo em vão.
Vão! Agora vão!
Tragam esses malditos poetas para que não mais intoxiquem nossas vidas de sonhos, de prazeres em intrigar nossas almas!
Não podemos permitir que esses revolucionários continuem criando essas associações, como sindicatos: românticos, modernistas, parnasianos, simbolistas...bando de desocupados!
Ficam aí a vomitar sutilezas verbais! Ficam aí amando despudoradamente a vida!
Essas piruetas lingüísticas podem levar à morte! Cacem os poetas!
Não à subjetividade! Não ao sentimento denso!
Os poetas perturbam nossas mentes!
Realidade já!


Laís Romero

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