domingo, 30 de setembro de 2007

poema medíocre

Talvez que seja para triturar
o mistério do idioma
talvez que seja para conceber
ceder
absolutamente mentir
com todas as palavras
com seu léxico enfadonho
com o meu timbre sem respeito

Triturar
o mistério dentre as folhas
as serpentes de letras loucas
e abrir , estender no chão
deixar secar
secar
secar
até se quebrar

o vento leva... redemoinhos
misturam-se à pele, às pedras
bate na esquina
volta
em cima
bate no peito
alucina;...

talvez que seja
apenas
apenas seja
triturar o idioma
e, suada, trabalho
árduo trabalho
de reorganizar idiomático
emblema
morfema
nas folhas pálidas e ásperas...
e quem sabe um dia entender
esse tal que não se pega,
só se toca..
e a alma dança.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Da real necessidade

- O que você precisa?

- Precisamente? Pesada mente? Contínua mente? Só mente?

Instantâneo.

Efervescentes pássaros tagarelas cheios de mãos que cutucam as feridas espalham mazelas e como sempre, no humano amargo cultivam a dor. Esse sangue que escorre nas cadeiras não sai do útero-ferimento, sai sim do pensar contente que se cultiva na farsa diária do diáfano sorriso, das palavras que fluem intensas e flutuam nos olhos taciturnos que na madrugada indagam:

Onde andas?

Com quem?

Quais os teus motivos (motores perdidos) combustíveis antigos...?

O músculo dolorido não cansa de brotar. E vai brotar sempre, pois, como já foi lido, dito e tantas vezes repetido: Em si plantando tudo dá!

Tudo dá para crescer e renascer. As mãos não acompanham as sensações, jamais...... fica muito perdido, perdidas sensações presas nos cabelos...as palavras se misturam, elas parecem fundir: nasce um novo idioma, assim idiomático, idiossincrático, dicotômico e dinâmico.

Deixe a língua se mexer! O rosto se contrai, mas não retrai nenhuma parte que não seja para ser traduzida, transferida, parida, cuspida e eternamente ferida jorrando o pulso, jorrando impulsos que não podem, não devem ou não querem se calar.

Não cale! Não pare! Uns se vão e as crias ficam nada é em vão. Vão sentir, pois tudo se baseia em, através dos poros todos do ser, sentir e traduzir universal e, por vezes, abissal sentir.

Abismado! Sim! Aquele que se abriga no abismo, no escuro e cinzento, na fumaça abstrata,... se repete, em si repete, tal qual som que reverbera no seu pobre vocabulário que se combina infinitamente e cria profundas melodias que sempre serão novas, mas com as mesmas notas que sempre sempre

Sempre

Sente?

Repetem-se. Competem. Compilação do ser.

Destinação da arte: inútil?

Parece. Parece que não para. Não pare na discórdia: tudo é um mote, um modo transversal-transformador de sintonias. Sintonias diferentes que ecoam ecoam ecoam em redundâncias mais que necessárias. Aquilo sim...sim...é poesia! Em cada folha, em cada texto, impregnado no contexto, designam as palavras: soldados universais para o que é inominável.

Vive-se em torno do que não se toca. E, se toca, é música e não se pode pegar.

Em 08/09/07

terça-feira, 18 de setembro de 2007

devaneio?

não há descrição suficiente: tudo se resume a taquicardias sucessivas e palavreados estúpidos ao mesmo tempo em que se pronunciam sentimentos abissais. Alma. Alma. As palavras possuem um gosto diferente e logo se percebe a lentidão no caminhado, os olhos mortificados e ao mesmo tempo cheios de vida.
Queria muito me abstrair dessa carência de compreensões,...mas talvez isso seja o tempero.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

...

Incidente perene que permeia as vias que transmito, transcrevo, perpasso, autorizo que me leiam. A arte arde os olhos no êxtase supremo, êxtase orgásmico, êxtase esfuziante que encontrei no complemento.

sábado, 1 de setembro de 2007

...

amor é algo sublime:
que só as pessoas que se permitem podem sentir
uma vez inebriadas pelos suspiros ou soluços da paixão
elas ficam cegas
e essa paixão pode evoluir para amor
ou não
o amor não reclama posse
o amor não condena defeitos
o amor é incondicional
não se limita
ama por si só
ama por existência do ser amado
ama por se amar
ama por que o amado respira
por que o amado existe
e a amada?
a amada se sente
completude
inalcançável
grandiosa
peito aberto para o mundo
daí a relação com a arte
com o peito aberto se filtra o universo
com a alma desnuda parimos sentidos
se faz poesia
ainda que não seja poeta
se faz música sem saber tocar
se está nu
na sua miséria humana
despido de vergonhas
despido de falsas glórias
despido de máscaras
se é fraco
se é humano:
e só
humano
e se é amado.
Se é amado?
se chegou a este ponto,sim
se deixou alguém neste ponto
sim
o amor se liga à arte
pois deixa os seres humanos nus
despidos
de qualquer hipocrisia
mas se a hipocrisia chega:
o amor foge
a arte é morta
e não se brota
não se nasce
nem renasce
e fecha a porta
que vou bater
bater
bater
bater

papo down on me

pois é
deixar esse papo down pra lá
e levantar a cabeça de novo
a realidade me reclama presença
me reclama com voz grave
e estrondosa
a aí eu acordo em desacordo
em desagravo
em desapique
e deixo o coração ferido na gaveta
o sangue ainda escorrendo sai por entre as frestas de madeira
sai e mancha minha vida
para sempre
sem perdão.