segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eterno retorno


Talvez eu vá para o inferno
e leve comigo dezenas de risos descontrolados
e me pergunte por lá porque hoje é sexta-feira
e porque existem as horas
ou qual rumo devo tomar
quando meu rosto estiver salgado de raiva?
E que dia é o dia certo?
Que minuto é o minuto de voltar?

Tudo se regenera por agora
o tempo não me persegue mais.
Tenho vontade de dizer boa noite
Vírgula
mas minha mão não se consola e quer conversar
quer conversar comigo
Travessão
Senta aqui meu bem
segura o meu tendão
estou caindo e o suor frio me espera
junto àquele inferno do início
onde bocas famintas
aguardam o prato
sou apenas um jantar medroso

Boa noite.
(Ela se entrega e vai para a cama.)

3 comentários:

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

Visceral [forte]... tem algo 'non sense' aí, mas parece haver um sentido íntimo, pessoal, algo 'a la' piada interna... soa como um pensar caótico intercalando a fala do casal antes de deitar talvez... o sentimento de tédio e de angústia pela repetição indefinida faz crer o inferno seja aí, no eterno retorno e não quando se vá... ['bocas famintas aguardam o prato' no labor diário que só foca o alimento do corpo e despreza o alimento da alma... a alma padece fome intensa - eis o inferno]

George Dantas disse...

Um silêncio que precede a digestão!

Cacau disse...

a noite chega e um último suspiro entre pensametos que terminam na cama, bons sonhos.

abraços.