segunda-feira, 27 de julho de 2009

O primo Vassili

Hoje foi um dia de silêncio.
Me deparei com um país distante e com uma poesia próxima, me deparei com história e com violência no versar silencioso. Paradoxo, uma vez que os versos deveriam ser feitos para serem gritados até a ultima fração de fôlego. Resquícios de ar ainda ficariam no peito, envergonhados de não terem saído com a poesia abrupta.
Hoje me deparei com a música na vida. Escrevo para o mundo cantar, e todos se identificarem, e para que o uso destes versos seja proveitoso. Me suicido, me mordo e grito absurdos na escuridão diária, estou dentro de uma caixa e nenhum faz o favor de encontrar meu encanto. Não é drama ou vocativo, é aposto explicando nas metáforas mais sanguinárias como ser poeta em meio ao barulho da correria, o aleijão do trabalho de ouro. Querem se abraçar e se sufocam todos, não sabem o que fazer, mas eu também já fui um tolo, me apertei em tantos abraços achando que amava os outros...
Taxar de confuso é fácil e satisfatório, uma vez que se sentiriam superiores os tantos esquecidos do poder do versar. Não escrevo em versos justamente por estar presa na falta, por ainda ser petrificada, e hoje é dia de silêncio e não de gritos, é dia de ouvir e não de cantar. Hoje não é dia de festas, é lamentação de vazios de dor. Sem sombra de dúvidas estou em um hiato, desses que fervem a alma na necessidade de entender mais, de saber mais. Não que seja ruim este desejo, mas a ânsia consome como qualquer outra, cheia de tentáculos e imprevistos, cheia de sussurros e de gritos a soletrar sutilezas que não acalmam.
Vou trilhando, construindo um caminho cheio de voltas, segurando em minhas próprias mãos suadas, sozinhas e necessárias.

2 comentários:

Aline Chaves disse...

não sei muito sobre poesia ou silêncio. são seres com mais beleza do que eu, limitada, posso admirar.
bom texto^^
beijo!

Denise disse...

Ele o homem das palavras que fazem de nós silenciosos e incrivelmente sensiveis.

sempre lindo aqui
Saudades
Denise