terça-feira, 3 de junho de 2008

Só a loucura


Ria sozinha quase o tempo todo,
uma moça magra querendo controlar a própria loucura,
discretamente infeliz.
(Caio Fernando Abreu, in: O dia que Júpiter encontrou Saturno)


Do que eu tenho n'alma não dou conta. Automóveis e beijos escorrendo como líquido. Do que eu profundamente recordo não altero nenhuma dor, nehuma lástima me faz atrito, nenhuma paixão se faz pudor. Do que, emaranhado em meus cabelos, deixa de ser anunciado não faço meias idéias, nem transmito palavras, assanho-me num segundo escolhido, almada demais.
Se digo que sou, toda toda, toda soul, é uma estória sem limites é não suportar o real, o deserto turbulento do real, a solidão que não se dá e a sede que não cessa, não apara dúvida alguma, não permite destemperos.
Dizia eu que poderia dominar tanto, dominar tomando espaços, mas continuo discreta, numa risada só, um disfarce estranho e que nem eu mesma me percebo vezenquando...
Dizia eu que poderia voar, mas prefiro passar de leve os dedos na seda, só pra ter a sensação de existir imensa, de não destruir o delicado.
Dizia eu não querer dizer mais nada, não poder saber muito o que me rodeia, dizia eu que falava demais, e tudo no mundo eu dizia consciente, com alteridade até.
Me permito.

2 comentários:

Aline Chaves disse...

o q há de mais moderno =)

moradora já xD

Anônimo disse...

Lindo, linda!