terça-feira, 12 de agosto de 2008

Teresíndia, 09:24 am, 12 de agosto de 2008, uma manhã sonolenta

É que você me pede pra falar e eu não sei a força da expressão sonora, a força de palavras ditas, e quando falo sou repetitiva, fico afogada num círculo vicioso e dorida de não poder resolver certas pendências antigas. Sou um ser que pensa demasiado e lucidamente convivo sozinha com minha dor própria. Você diz que não posso ser assim, e tantos dizem que sou repetitiva, mas eu não consigo não o ser se as coisas insistem em reverberar redundantes em todas as paredes de meu corpo, e você me pergunta tanto muito quanto posso te dizer a teu respeito: não sei falar muito bem daquilo que sinto, são valores diferentes e os meus problemas sempre serão menores que os de todo mundo. Você me diz da força, da sua, da minha e eu vejo muito as engrenagens do mundo-máquina, um complexo comboio que não sabe o rumo e me carrega, a vida não me leva, ela me carrega como um peso, pessoa pesada que sou, soul. E eu escuto ainda que sou um ser humano bom, mas não me comprometo em fazer dias melhores pois sei da minha inconstância, pessoa perdida que exalo, exatamente como não escolhi ser. Repetitiva peço todo dia a presença tua, e fico com os dois pés dentro e um fora, precisaria eu saber de tudo? Olha você me pressiona a ser mulher demais, a ser mulher inteligente mas eu sou frágil também e os medos se mostram de repente. Não, eu não sou hermética nem sou complicada, basta ouvir bem a respiração que traz consigo todas as vontades, é por onde vivo o máximo: respirando. Alguém me disse uma constatação tão bonita que dói não ter pensado nela antes: posso passar uns dias sem comer, mas nenhum sem respirar, e isso traduz o que quero te dizer. Em resumo abstrato e confuso é só ouvir minha respiração. Não , não eu não quero confundir, nem quero imprimir-te nenhum medo, é só uma carta estranha que impulsiona palavras a respeito do que quase sempre me movo: motivos. Lembro bem que quando te vi meus olhos arderam em desejo e a boca calou em suspiro. Em suspiro. Em suspiro. Acho que tu me entendes quando de minhas explosões te coloco no meio. Eu reverbero.
Fica mais um pouco...

3 comentários:

Aline Chaves disse...

e de tanto suspiro encheu um balão de sonho e foi passear.

lorena albuquerque. disse...

doi. ficar mais um pouco soa nulo quando o corpo quente está longe.
sua dor é menor por estar perto.

;]

Patrícia Basquiat disse...

belo texto!