quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Não fosse

É nesse fosso de sexo

Que sempre se empurram os corpos

Que burlam a cor das rotinas

Que subjugam, sentidas, as vidas

O fosso

Que tem o cheiro secreto

Que molha, consome tão rápido

Que morde e rasga o profundo

(profano!)

O fosso

As flores comparam-se aos órgãos

Os dedos, os ossos, os olhos,

O grito, o gozo, a luz...

O fosso!

Vontade que nunca se esvai

(não há tempo)

Não há suor que valha

Não mate nunca essa sede!

Vem aqui, deita, descansa...

Coloca nos olhos os lábios,

Não reclame posse ou presença,

Que ainda o corpo se joga,

Se mata esvaindo no fosso,

Profundo e escuro de sexo.