domingo, 29 de março de 2009

Luto!

Visitei poucas vezes o Teatro do Dirceu ( sim, é do Dirceu, acho mais belo), mas tenho ciência do trabalho desenvolvido por lá. Meus interesses de ação cultural se manifestaram em outras formas, e mantenho como exemplo o trabalho do Núcleo.
A polêmica que se instaura no presente momento trouxe a mim, como cidadã teresinense, e pessoa que se interessa pelas artes aqui produzidas um profundo sentimento de revolta, mãos atadas, raiva e humilhação. Raiva por sentir mais uma vez que nada funciona em Teresina, que competência não importa se você não agrada aos poderosos, que um círculo pequeno e ridículo é quem manda, e o prefeito dá o aval... Um prefeito que nunca esteve no teatro, nem sei se ele já esteve no Dirceu! Um presidente da fundação municipal de cultura que dita. Punho de aço, mente de pedra.
Me pergunto até quando vamos deixar que isso caia num poço vergonhoso de esquecimento. Até quando vamos assistir mais e mais artistas saírem daqui por não encontrarem espaço... e s p a ç o... lugar, reconhecimento, identidade! O Piauí não tem identidade. Vai morrer e enterrar-se em temas batidos e abatidos... não se fomenta cultura aqui! Se dita! Se grita e a vanguarda se cala. Não há espaço. Não sou do núcleo de criação, sequer sou alguém com voz forte nesta guerra, mas me sinto igualmente violentada, agredida, desde sempre... não há espaço! Eu escrevo, tenho pretensões nesta área, mas me vejo presa a uma "cultura" de publicações pobres, capas exaustivamente repetidas, temas abatidos... eu não vou escrever sobre as mesmas lendas, nem vou sufocar Torquato neto, ou Mário Faustino, nada contra termos conhecimento de nossos ilustres, mas precisamos de espaço, repito! De espaço para inovar: liberdade...
Sinto vergonha de ser piauiense neste instante. Me manifesto como posso, e não vou parar por aqui.

Carta de Demissão de Marcelo Evelin.